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domingo, 16 de outubro de 2011

Considerações a respeito do livro de Thiago Peixoto


Olá meus companheiros de luta, como vai a batalha diária?

Bem, dias atrás a imprensa goiana noticiou o lançamento do Pacto pela Educação (pacto este que será tema exclusivo de outro post), programa do governo Marconi Perillo, sob o comando do idealizador e atual secretário da Educação do Estado, senhor Thiago Peixoto.
Tal secretário vem sendo criticado pelas iniciativas tomadas em sua pasta. E foram justamente estas iniciativas, que me levaram a tentar conhecer um pouco mais as ideias do mesmo, por meio da leitura crítica de seu livro, “Educação: o desafio de mudar – reflexões sobre como transformar a Educação que temos na Educação que precisamos”, que foi publicado “despretensiosamente”em 2010 e trata-se de uma compilação de artigos publicados, ao longo dos últimos anos, no jornal O Popular – maior veículo de comunicação da mídia impressa do Estado de Goiás.
Portanto, meus caros amigos, peço-lhes desculpas a vocês pela extensão do texto, mas ao mesmo tempo, peço para que dispensem um pouco de seu tempo em sua leitura, pois tento trazer aqui algumas críticas fundamentadas à luz de elementos teóricos da Educação. O texto trará algumas citações do livro do atual secretário.

Desde já agradeço a atenção. Agora vamos aos fatos!

Nota-se, através da leitura do livro, que o senhor Thiago Peixoto é um excelente economista e político, uma vez que o mesmo defende de maneira brilhante um governo neoliberalista de cunho exageradamente mercadológico e, por isso, adepto da Teoria do Capital Humano.
Em relação ao conhecimento epistemológico a respeito da Educação, nosso secretário deixa a desejar. Em alguns momentos de seus textos ele mesmo se contradiz. Por exemplo, neste caso abaixo em que, em um texto ele diz uma coisa e em outro ele diz outra:

“... como sabemos, os resultados a curto prazo de uma política educacional podem não ser tão perceptíveis.”

“Existe um discurso na educação que serve como esconderijo para os resultados não atingidos. Todos nós já ouvimos que educação é processo e que os resultados dos investimentos neste setor só serão sentidos em longo prazo. Esta abordagem tem que ser mudada.

Como assim, senhor secretário? Os resultados são ou não à longo prazo?

Em muitos textos, fica clara a intenção de trabalhar a Educação através de resultados e incentivos, o que acaba resultando na atual Meritocracia utilizada por vários governos Estaduais, inclusive em Goiás, através do Pacto. Para defender e justificar um pouco a tal Meritocracia, o secretário utiliza-se de outros Estados como referência, como segue abaixo:

“Tanto o município, quanto o Estado de São Paulo lançaram recentemente novas políticas educacionais, destacando-se a busca da excelência pela meritocracia, através de incentivos aos professores que conseguirem gerar resultados positivos em sala de aula.”

Ele só se esqueceu de antes de publicar o livro, dar uma “conferidinha” direito, sobre como está caminhando essa tal Meritocracia atualmente no Estado de São Paulo.
É muito engraçado como o discurso de um político muda, não é. Em 15 de maio de 2009, o atual secretário disse em O Popular:

“O cenário atual não é tão animador: o governo estadual não cumpre a lei federal que determina o pagamento do Piso Salarial Nacional do professores”

Em outros artigos do livro podemos ler:

[...] não há educação de qualidade sem professor valorizado e bem remunerado. Os gestores públicos sabem disso. As conclusões acima são óbvias demais para que digam o contrário. Muitos deles, porém, se sentem desimpedidos para utilizar as crises financeiras para descumprir a lei. Mera desculpa. A própria Lei 11.738 assegura recursos necessários para a integralização do piso aos Estados que não tiverem condições de arcar com o aumento salarial.

Os melhores sistemas educacionais são aqueles que desenvolveram fortes mecanismos para fazer com que as pessoas preparadas estejam na sala de aula e apresentam como um dos atrativos um bom salário para o professor no início de carreira. Sabe-se que a principal motivação para alguém ser professor é a vontade de preparar as futuras gerações, mas não se pode abrir mão de uma remuneração que valorize estas pessoas. O “status” que é dado ao professor também é muito importante, esta valorização profissional por parte da sociedade é fundamental. No Brasil, temos que acabar com imagem do professor coitadinho, reconhecendo nos nossos professores seu papel fundamental para o nosso desenvolvimento.

E hoje senhor secretário, como está o cenário? Como está esta questão do piso mesmo? Como anda a valorização dos professores?
Concordo com muito do que está posto, mas infelizmente não é condizente com a realidade atual, pois não estamos vendo nada disso acontecer.
Acho que a resposta dele para estas perguntas pode ser encontrada também no livro, como podemos verificar logo a seguir:

“No Brasil, a folha de pagamento da Educação absorve aproximadamente 80 % do orçamento das respectivas secretarias municipais e estaduais. A solução mais viável para um aumento financeiro significativo na carreira dos professores seria estabelecer salários diferenciados por desempenho. O bom professor, aquele que gera resultados positivos, teria mais incentivos. É a política da meritocracia, que valoriza o bom profissional.”

E o plano de carreira? E a profissão de professor, como fica?
Mas, uma coisa que mais me intriga neste trecho é a questão “o bom professor”. Quais são os critérios utilizados para caracterizarmos o bom e o mau professor?
Outro trecho triste é “É a política da meritocracia, que valoriza o bom profissional.” Tá bom, mas então vamos fazer assim, vamos ter também o bom médico, o bom policial, o bom político. Faço um questionamento aqui: se o secretário não conseguir melhorar a Educação em Goiás no final de sua gestão, poderá ele ser considerado como um mau político?
Sabemos que existem profissionais que não desempenham muito bem suas funções. Mas também sabemos que, às vezes, isso acontece por vários fatores como, por exemplo, terem uma formação inadequada, feita “a toque de caixa” nas licenciaturas parceladas, para que os governos cumprissem as exigências da LDB.
Em outro artigo podemos encontrar mais uma tentativa da construção do conceito de bom professor por nosso excelentíssimo:

“Os bons professores – aqueles cujos alunos apresentavam resultados de aprendizagens progressivos – seriam alçados a um nível superior ao dos maus profissionais.”

Aqui eu me recuso a comentar, deixo o espaço aberto a vocês______________________.

Já que estamos falando de valorização profissional observem outro exemplo de contradição:

“Mas, para que mudanças significativas aconteçam, precisamos de professores bem qualificados e motivados. É inconcebível que a carreira de um educador seja considerada de segunda linha. Assim como são inconcebíveis os valores dos salários de um professor nos seus primeiros passos de caminhada profissional. Só quando for dado o devido reconhecimento – em todos os níveis – aos professores, é que conseguiremos atrair os melhores profissionais para a sala de aula, e acabar, por exemplo, com o déficit de mais de 280 mil professores de Matemática e Ciências.

Então deixa eu tentar entender, precisa valorizar, pagar o piso, os Governos se apegam em discursos que não possuem dinheiro e inventam a história do mérito...então tá.                         
Em muitos momentos do livro de nosso secretário, temos a oportunidade de encontrarmos claramente a visão mercadológica que o mesmo possui em relação aos objetivos da Educação. Antes de citá-lo, quero perguntar onde ficam os objetivos primordiais que nós sabemos que devemos nos preocupar, tais como: formar um cidadão crítico, consciente, responsável e sabedor de seus direitos e deveres sociais? E a formação social? E a preocupação contra-hegemônica? E os questionamentos capitalistas?
Nosso secretário só preocupa com a formação para o trabalho, pois ele é adepto da Teoria do Capital Humano, como podemos verificar:

Não podemos esquecer-nos da nossa maior reserva econômica: o capital humano. Só investindo nesse contingente é que poderemos corrigir a flagrante desigualdade social em que vivemos. E o mecanismo mais eficiente para obter o avanço social necessário é a educação, caminho cada vez mais utilizado por países que buscam o crescimento sustentável.

Ao ampliar o nível educacional, um Estado amplia também sua capacidade tecnológica e seu potencial de produtividade. O acesso à educação tende a oferecer mais oportunidades à população, reduzindo, com isso, a desigualdade social.

Recorro-me aqui a Gaudêncio Frigotto, que em seu livro “A produtividade da escola improdutiva” analisa o pensamento de T. Shultz, um dos pioneiros da divulgação da teoria do Capital Humano, e diz que:
A Educação, então, é o principal capital humano enquanto é concebida como produtora de capacidade de trabalho, potenciadora do fator trabalho. Neste sentido é um investimento como qualquer outro.
[...] A teoria mostra-se fecunda enquanto uma ideologia, tanto no sentido de falseamento da realidade quanto no de organização de uma consciência alienada.

A teoria do capital humano mascara a realidade, dando a falsa ideia de que as desigualdades sociais serão solucionadas quando a “força de trabalho” estiver mais capacitada. Será mesmo? E os demais fatores? Não podemos pensar que a Educação salvará o mundo. Acreditamos que a Educação é um elemento essencial para formar uma sociedade equilibrada, porém não podemos relacionar este equilíbrio apenas à uma suposta ascensão econômica e ao desenvolvimento econômico de um Estado ou País.
Não podemos encarar a Educação como uma imitação de modelos ou uma reprodução de técnicas, o que nos remete ao tecnicismo. Um artigo do livro nos leva a pensar nisto:

A educação deixou de ter diretrizes basicamente ideológicas para tomar um caminho extremamente moderno, pautado por avaliações e análise de dados. Temos, agora, condições de analisar e comparar aquilo que não funciona em cada sistema educacional, seja ele de um outro país, de um outro Estado ou de cidades diferentes. Temos, agora, a capacidade de reproduzir uma boa prática educacional de uma escola no interior do país ou de uma outra nação do outro lado do mundo, tudo isso para mudar e aperfeiçoar a nossa Educação.

Termino tal análise afirmando que, muito me preocupa que a economia seja a mola propulsora das iniciativas apresentadas no livro. Trata-se de um livro bem escrito, por uma pessoa muito inteligente, porém com um viés explicitamente econômico. Ainda há muito que se discutir a respeito, mas irei deixar para o Pacto da Educação, até mesmo para não deixar o texto ainda maior.
Uso aqui as palavras que, talvez, mais apreciei no livro:

Acontecem, a toda hora, manifestações contra o mensalão, contra a mais alta taxa de juros do mundo, contra nossa insustentável carga tributária, contra o estado precário das nossas estradas, contra o nosso pífio crescimento econômico. Será que não está na hora dos brasileiros se manifestarem contra um dos piores ensinos do mundo? Indignem-se! Protestem! Ajam! Já perdemos muito tempo! A hora da educação tem que ser agora, o depois pode ser nunca.

           Obrigado àqueles que chegaram até o final do post.

Salve! Salve!

domingo, 9 de outubro de 2011

Pedra falsa


Olá, meus bons amigos

Hoje venho aqui para relatar um fato acontecido no colégio esta semana, é tão grave e hilariante que não pude deixar de compartilhar com vocês.

Pois bem, vamos ao fato!

Estava eu no colégio, no período vespertino, imprimindo algumas provas de simulado, quando fui informado que havia um cidadão no portão interno do colégio alegando que estava lá para cobrar de um aluno uma pedra falsa que o mesmo havia vendido a ele. Bem, fiquei meio sem entender e fui tirar a limpo tal história.
Quando chego diante do cidadão, um senhor mal vestido e aparentando uns 30 anos de idade, o mesmo me diz:

- O senhor é o que aqui? É o diretor?
- Não, sou o vice-diretor? O que o senhor deseja?
- É o seguinte, eu comprei esta pedra aqui (me mostrando uma pequena pedra de crack na mão), mas ela é falsa, então vim aqui cobrar o meu dinheiro de volta.

Como assim? É isso mesmo meus caros, o cidadão foi no colégio com uma pedra de crack na mão para devolvê-la e pegar seu dinheiro de volta. Surreal, mas tem outras coisas mais graves que virão pela história.
Bem, poderia ter dito a ele: - Meu senhor, já faz mais de 7 dias que o senhor efetuou a compra? Foi pela internet? O produto está lacrado? Ligue para o SAC ou procure o PROCON.
Enrolamos o mesmo por ali, pois o diretor já havia chamado a Polícia. Enquanto isso, fomos atrás do aluno para esclarecermos o fato.
Quando olho no pátio do colégio, vejo o coordenador aparecer com uma criança “franzina”, meio receosa, e com apenas 10 anos de idade...sim foi este que “deu o tombo no cidadão”.
Até que chega a Polícia Militar e quando é informada do caso, dá uma risada, pois não acredita na situação. Conversa vai, conversa vem, o Policial nos diz:

- A situação é a seguinte, se alguém da escola nos acompanhar até a delegacia, encaminharemos o meliante para lá e será registrado o BO. Mas, isso ai não vai dar em nada.

Kkkkkk...tá, eu vou na delegacia, me indisponho com o cidadão, já sabendo que não vai dar em nada e depois volto para o colégio para esperar o cidadão me abordar na saída? Um absurdo, não é?

O policial continua:

- Caso, vocês não queiram ir, daremos um corretivo nele e o soltaremos.

Enquanto isso, nosso coordenador entrava em contato com a mãe do aluno. Mãe esta, que estava trabalhando e disse que não poderia ir no colégio para resolver aquele problema e que já não era novidade para ela. O aluno alegou que havia sido o primo dele que vendeu, por 10 reais, a pedra falsa. Apuramos no colégio que ambos têm um histórico envolvido com o tráfico.

Moral da história: o caso não deu em nada.

Considerações:
·         A que ponto um cidadão viciado chega? Perde a noção de certo e errado. Perde o medo.
·         Quando achamos que os professores estão de mãos “atadas”, percebemos que os policiais também. Por isso, o cidadão faz o que quer na escola e fora dela.
·         Onde estão as famílias dessas crianças? No trabalho, quando existem?
·         O que a escola pode fazer para melhorar seus índices, diante de problemas sociais tão graves como este?

Salve! Salve!